“Quando voltei para a escola, voltei a ser feliz”

Por UNICEF Brasil

18.03.2022
“Quando voltei para a escola, voltei a ser feliz”

Por meio da Busca Ativa Escolar, Evelyn Santiago Vieira, de 14 anos, moradora de São Paulo, retornou para a escola para se formar no 9º ano do ensino fundamental


Desde o início da pandemia, o UNICEF vem alertando para o aumento da exclusão escolar em todo o mundo e sobre os impactos do fechamento das escolas na vida de cada menina e menino, em especial aqueles em situação mais vulnerável, que foram os que menos tiveram acesso à educação, chegando a abandonar os estudos, como Evelyn Santiago Vieira, de 14 anos.

Desde que nasceu, a adolescente vive com a mãe, o pai e o irmão na cidade de São Paulo, no distrito de Cidade Tiradentes – maior conjunto habitacional da América Latina com mais de 211 mil habitantes, sendo 71.500 crianças e adolescentes de até 17 anos. Evelyn sempre foi uma estudante dedicada. Boas notas, gostava de ir à escola e investia o tempo livre para realizar as tarefas passadas pelos professores. Mas a pandemia chegou em 2020 mudando a vida da adolescente. Sua mãe, Amanda da Silva Vieira, teve que fechar o salão de que é sócia e onde trabalhava como manicure para ficar em casa. Somente a renda do trabalho do pai não foi o suficiente e Evelyn e sua família precisaram da ajuda financeira de familiares.

A rotina de estudos dela também mudou. O ensino remoto nem sempre era possível por problemas de conexão e Evelyn teve dificuldades em usar o tablet que recebeu. “Quando começou a pandemia, eu não sabia se era para ir para a escola ou não. Depois fechou tudo. Tive dificuldades de fazer as atividades, acessar as aulas. Aos poucos, fui perdendo a vontade e acabei parando”, conta a adolescente.

Durante o período de fechamento das escolas, a EMEF Mailson Delane, onde Evelyn estuda, se manteve aberta como uma rede de apoio para os estudantes. Muitos perderam familiares, inclusive os responsáveis pelos cuidados diretos, enfrentaram a perda de emprego dos responsáveis, entre outros desafios. E apesar das atividades online e a disponibilização das tarefas impressas, muitos estudantes perderam o vínculo com a escola. “Com a pandemia, as famílias perderam renda, começaram a ter problemas para se alimentar e para manter uma rotina de estudos com as crianças e os adolescentes. A pandemia veio para escancarar a desigualdade social que já existia e a educação ficou em segundo plano”, explica Zirleine Ferreira, coordenadora pedagógica.


Uma das principais estratégias para o retorno desses estudantes à escola é a Busca Ativa Escolar – iniciativa do UNICEF, em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), para apoiar a gestão pública a encontrar crianças e adolescentes fora da escola, ou em risco de abandono, e tomar as medidas necessárias para que voltem à escola e permaneçam nela, aprendendo.

Desde o início de 2020, mais de 100 mil crianças e adolescentes foram encontrados e rematriculados na escola pelas equipes de Busca Ativa Escolar em todo o Brasil. A cidade de São Paulo aderiu, no segundo semestre de 2021, à Busca Ativa Escolar. Desde então, a EMEF Mailson Delane, que atende 1.400 estudantes do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, além de classes de educação de jovens e adultos (EJA), já recuperou o vínculo com 230 estudantes dos 283 que estavam em risco de evasão – por meio de telefonemas, cartas e visitas à casa dos estudantes.


Uma das conquistas foi o retorno de Evelyn à escola no início do ano letivo de 2022 após uma visita em sua casa. “Quando as agentes da Busca Ativa Escolar chegaram, conversaram com a gente para entender o que estava acontecendo e me pediram para ir à escola para firmar um compromisso de voltar e eu entendi que isso era importante”, afirma a adolescente. “A visita da Busca Ativa Escolar fez toda a diferença para o retorno dela”, reforça Amanda, a mãe.

“No dia em que vi a Evelyn na escola, fiquei muito feliz em saber que o dia que fomos à casa dela fez toda a diferença”, comemora Franscislânia Nascimento, agente da Busca Ativa Escolar.

Além da Busca Ativa Escolar, é preciso investir no acolhimento e retomada das aprendizagens. Apesar dos grandes esforços de professores e escolas, muitas crianças e muitos adolescentes não conseguiram ter acesso adequado à educação longe das salas de aula. Cada uma dessas crianças e desses adolescentes vai precisar de apoio pedagógico para recuperar a aprendizagem e voltar a ter trajetórias de sucesso escolar. “Como é meu último ano no ensino fundamental, quero tirar notas boas, fazer um curso e depois uma faculdade para ser veterinária. Quando eu voltei para a escola, voltei a sonhar e a ser feliz”, finaliza Evelyn.

Para a Busca Ativa Escolar no Sudeste, o UNICEF conta com a parceria estratégica de empresas, como YouTube, Itaú e Accenture, e parceria institucional com União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).


Fonte: UNICEF Brasil