"Meu sonho é que ela consiga interagir mais e brincar"

Por UNICEF Brasil

17.11.2022
"Meu sonho é que ela consiga interagir mais e brincar"

Anny Sophia, 6 anos, tem “ossos de vidro” e estava sem frequentar a pré-escola, mas encontrou apoio na Busca Ativa Escolar

Era uma tarde chuvosa, Maria de Fátima Lima estava sentada na sala com sua filha Anny Sophia Lima, de 6 anos, quando uma agente comunitária da Busca Ativa Escolar foi até a casa da família, no pequeno povoado de Piçarreira, São Francisco, Sergipe. Na visita, a agente observou que a família precisava do apoio de toda a rede de proteção, formada, entre outros, pela educação, saúde e assistência social. Entre os desafios, detectaram a baixa frequência escolar da menina. A família tinha receio de que ela se machucasse na pré-escola, e eram necessárias medidas para que ela conseguisse frequentar as atividades em segurança.

Anny Sophia tem osteogênese imperfeita – popularmente conhecida como “ossos de vidro”, doença hereditária caracterizada por ossos frágeis que se quebram com facilidade. "Ela é uma criança muito especial, que precisa de muito cuidado para trocar, para dar banho, para pegar no colo, pois qualquer mau jeito pode quebrar um osso", diz a mãe.

Com as visitas constantes e as orientações da equipe da Busca Ativa Escolar, Anny Sophia retornou à pré-escola. "Fizemos um trabalho de conscientização sobre a importância de Anny Sophia se entrosar e estar na escola com outras crianças", conta Gilbene Pereira Santos Nascimento, coordenadora operacional da Busca Ativa Escolar.

"Quando eu sei que a criança tem uma necessidade especial, como é o caso de Anny Sophia, eu procuro acolher ainda mais para que ela perceba e entenda que a escola é o melhor lugar para ela estar", diz Rosa Maria Lunes, professora da educação infantil da Escola Municipal Maria Joselina dos Santos Araújo. Ela também buscou entender, com a família, como apoiar a menina em sala de aula.

Quando Anny Sophia retornou à pré-escola, em julho de 2022, ainda não havia um profissional de atendimento educacional especializado para acompanhá-la na sala de aula. Por isso, a irmã da menina, Alessandra de Lima Batista, 15 anos, ficava provisoriamente com ela em sala de aula. "Ela sempre pediu para ir à escola com as outras crianças, então decidimos que eu levaria ela até a escola todos os dias", conta a irmã.

Em outubro de 2022, o município de São Francisco disponibilizou a profissional de apoio pedagógico Manoela Figueiredo Villar, garantindo o direito de Anny Sophia estar na pré-escola, aprendendo. O Atendimento Educacional Especializado (AEE) é um direito de crianças e adolescentes com deficiências, transtorno do espectro autista, altas habilidades e superdotação. Entre as garantias, está o apoio de um profissional específico que acompanha a criança ou adolescente em sala de aula regular, possibilitando que frequente as atividades e desenvolva seu pleno potencial.

"A parceria entre os pais, a irmã e a escola foram fundamentais para que ela estivesse segura na escola. Anny se identificou com a turma, começou a aprender e hoje nós temos uma criança participativa na pré-escola", diz a coordenadora orgulhosa.

"O momento que me deu mais orgulho foi quando ela aprendeu a escrever o nome dela. Anny me chamou e disse: consegui, professora, eu escrevi meu nome", diz a professora com os olhos marejados.

Saúde e assistência social como parceiros na garantia de direitos
Além de garantir que Anny Sophia voltasse a frequentar a escola, era preciso apoiar a família. Para tanto, o município de São Francisco colocou em prática uma proposta de desenvolvimento integral, articulada com a escola, a Unidade Básica de Saúde (UBS) e o Centro de Referência de Assistência Social (Cras).

"A gente faz o acompanhamento constante da família para tentar dar um conforto maior na condição da Anny Sophia. Apesar de o caso ser de alta complexidade, o município consegue assistir com a rede de apoio e atenção primária, além de algumas redes especializadas, como fisioterapia e psicólogo", conta Thássia Gabriela Silva Lima, secretária municipal da Saúde. Em um primeiro momento, o município conseguiu uma cadeira de rodas regular para a menina, que acabou não funcionando devido à fragilidade dela. "Agora, fizemos o pedido de uma cadeira de rodas motorizada", explica Thássia.

Diante desses esforços, o sonho da família é que Anny Sophia consiga seguir sua trajetória escolar, convivendo com outras crianças e tendo seus direitos garantidos. "Meu sonho é que ela consiga interagir mais e brincar com os outros alunos", diz a irmã esperançosa.

Busca Ativa Escolar
A Busca Ativa Escolar é uma estratégia composta por uma metodologia social e uma ferramenta tecnológica disponibilizada gratuitamente para estados e municípios. A intenção é apoiar a gestão pública na identificação, registro, controle e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão escolar. Por meio da Busca Ativa Escolar, municípios e estados têm, também, acesso a dados concretos que possibilitam planejar, desenvolver e implementar políticas públicas que contribuam para a garantia de direitos de meninas e meninos.

A Busca Ativa Escolar é uma iniciativa do UNICEF e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Para a Busca Ativa Escolar, o UNICEF conta com os parceiros estratégicos Itaú Social, B3 Social, BRK, Accenture Brasil, YouTube e ADM, com o parceiro Americanas e o apoio de Oriba.


Fonte: UNICEF Brasil